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O que esperar de 2012?

Jornal O POVO. Sábado, 31 de dezembro de 2012 Cotidiano A inospitalidade da cidade e as esperanças para o futuro Bernadete Beserra Antropóloga. Professora da Faculdade de Educação da UFC. Email: bernadetebeserra@yahoo.com.br) O que esperar de 2012? Uma resposta sociológica exige, antes de tudo, que se ignore o apelo de esperança que acompanha os rituais de fim de ano para o foco no presente, no que há; no que foi prometido e cumprido e no que podemos esperar... Ou não. Há, portanto, uma enorme distância entre o que os nossos políticos prometeram e o que, afinal, cumpriram. Concentro-me em Fortaleza cujas ruas percorro, como pedestre ou motorista, diariamente. É deste lugar que observo, falo e me arrisco a sonhar. É também dele que sinto o peso da inospitalidade da cidade que se apresenta de muitas formas, mas sobretudo na ausência de um planejamento de ações em favor de uma vida mais confortável para os seus habitantes, pobres ou ricos. A multiplicação selvagem de prédios em áreas já s...

O Evolucionismo do Século XIX e a Antropologia

O Evolucionismo do Século XIX e a Antropologia (1) Bernadete Beserra O evolucionismo do século XIX é o resultado de um processo social-histórico que vinha se gestando mais claramente desde as grandes descobertas marítimas do século XV. O sucesso do emprendimento Europeu de conquistar o mundo, associado com as questões filosóficas e morais que vinham sendo postas como resultado da convivência dos Europeus colonizadores com os povos colonizados cria o ambiente apropriado para a manifestação do que estamos considerando aqui evolucionismo do século XIX. Interessa-nos aqui, sobretudo, explorar os movimentos da ciência nesse século e o lugar específico da antropologia, assim como o seu legado. A despeito dos debates entre ciência e fé serem pelo menos dois séculos anteriores ao século XIX, o estudo do homem e da sociedade não tinham ainda conquistado o estatuto dos estudos sobre a natureza, os quais, desde Bacon (1561-1626) e Descartes (1596-1650) começam a se orientar pelas regras do que ch...

Estróina e Supérfluo & Breve réquiem a Igor Bezerra

(http://estroinaesuperfluo.blogspot.com) Somente agora descobri que Igor também tinha um blog. Posso, então, continuar descobrindo-o independentemente de nos encontrarmos e nos tocarmos com os olhos ou as palavras. É para o blog que me transporto correndo logo que desligo o telefone depois de longa conversa com Kátia, sua mãe e minha irmã mais velha. Há dois meses Igor morreu tragicamente em Salamanca, onde fazia o mestrado em Estética. Toda morte próxima é um choque que paralisa e se propaga acordando lembranças e medos. Quando Laís me telefonou dando a notícia eu o vi diante de mim: contando suas andanças pelas artes e Filosofia. Ele me lembrava muito de mim mesma em idade próxima à sua porque eu também não parava de me perguntar sobre as coisas do mundo e da alma... e nem de fumar, apesar de ser também asmática! Pensei quase imediatamente nos meus filhos, Lucas, Raquel e Caio, que têm idades próximas e que espero que vivam para sempre. Ele tinha 23 anos incompletos. Kátia me indica...

Seminário Racismo e Ações Afirmativas no Ceará

Seminário Racismo e Ações Afirmativas no Ceará 26 e 27 de maio de 2009 26/05 (Terça-feira) Manhã: 9:30h – 12h Abertura e Coordenação do Debate: Mirtes Amorim, Bernadete Beserra e Sylvio Gadelha Conferência de abertura: Crítica à noção de identidade nas Ciências Sociais. Eduardo Diatahy B. de Menezes (Ciências Sociais - UFC) Tarde: 14:30 – 17:30h Mesa-Redonda 1: Cearensidade e Negritude Abertura e Coordenação: Bernadete Beserra Eurípedes Antônio Funes (História – UFC) Ruy Vasconcelos (Ciências Sociais - UFC) Antônio Vilamarque de Sousa (Prefeitura Municipal de Fortaleza) Frank Ribard (História – UFC) 27/05 (quarta-feira) Manhã: 9 – 12h Mesa-redonda 1: Minorias, política e ações afirmativas. Abertura e Coordenação: Sylvio Gadelha (Educação – UFC) Isabelle Braz Peixoto da Silva (Ciências Sociais – UFC) Maria Auxiliadora de Paula Holanda (Educação – UFC) José Hilário Ferreira Sobrinho (Faculdade Ateneu) Mirtes Amorim (Filosofia - UFC) Tarde: 14:30 – 17:30h Mesa-redonda 2: O debate sobre co...

De viagens e amores:

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Céus do Sertão - Viajando para Sumé À Emma, aniversariante de amanhã, e Gabi, que continuam esperando (e cobrando!) novas postagens E aí 2009 chegou... E também cheguei eu aqui, finalmente, depois de muita viagem! O ano da graça de 2008, que começou meio atrapalhado, terminou cheio de presentes e promessas. Aprendi muita coisa sobre este mundo vasto mundo e também sobre o meu coração. A publicação de Solidão Equilibrista e o encontro com Muad’Dib foram os presentes do segundo semestre. Conto hoje sobre a publicação e lançamentos de Solidão Equilibrista . Amanhã ou depois, conto sobre Muad’Dib. Como expliquei na crônica do dia 04 de setembro de 2008, Solidão Equilibrista foi uma “viagem” que durou quase 30 anos. Uma longa viagem, portanto. Há - naquele livrinho - poemas que foram gestados e paridos nos fins da década de 1970! Aquela poesia foi o meu candeeiro nos momentos de escuridão vividos aqui e ali ao longo dessas décadas nas três das cinco cidades mais importantes da minha vida...

Rumo a Sumé - Convite para Lançamento de Livros

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Aí Sonielson fez o convite que eu queria fazer: lançarmos juntos, em Sumé, os nossos livros. Aproveitar o ensejo do dia 8 de dezembro, festa de padroeira... Aproveitar a desculpa dos livros para visitar Sumé, ponto de partida e laboratório poético... Aproveitar e reencontrar velhos amigos... Então, sim, Sumé, próximo destino. Você está convidado para chegar lá. Dia 6 de dezembro, às 16 horas, no São Tomé Esporte Clube. Os livros a se lançar são os que aparecem acima, no convite. Eu e Sonielson nos apresentaremos um ao outro... Brevemente, claro, porque o que importa mais é o bate-papo informal com os amigos e velhos conhecidos que esperamos encontrar por lá. Obrigadíssima, Sonielson, por esse empurrãozinho...

Triste Fortaleza, ó quão dessemelhante...

O verso do título é de Gregório de Mattos, meados do século XVII e, em vez de Fortaleza, lia-se “Triste Bahia”. Mas é Fortaleza e as suas dessemelhanças (e inospitalidade) que me motivam agora, tempo de campanha para prefeito, a escrever um pouco. Vejo, sinto e me angustio todos os dias com as dessemelhanças em Fortaleza. Elas se expressam dos mais diversos modos e circunstâncias, mas é ao tráfego que me dedicarei aqui. Todos os dias me coloco no lugar dos pedestres que têm de atravessar a BR-116 à altura da Aerolândia. São milhares de trabalhadores que cotidianamente, no início da manhã, se arriscam entre os carros em alta velocidade para não chegarem atrasados nos seus empregos. Não tenho a estatística dos mortos, mas certamente aquele é um dos nossos mais importantes “pontos de óbito”. Do trecho que me concerne, viaduto da Oliveira Paiva, até a rotatória da Aguanambi, há apenas uma passarela. Isto já seria, em si, uma agressão àqueles trabalhadores. Mas a dessemelhança, o paradoxo, ...