domingo, 13 de julho de 2008

A Solidão do Blog

Poucos dias depois que criei este blog já estava em crise sobre a minha vocação de blogueira. Primeiro: levei anos para me decidir a criá-lo. Passei mais um tempão atrás de alguém que me ensinasse ou fizesse por mim. Esses medos de tecnologia simples, facilmente desvendável, que os filhos dominam num piscar de olhos antes mesmo de nascerem. Acabei fazendo sozinha, seguindo as instruções de uma amiga. Segundo: o que eu quero com um blog? Nem tive tempo de sonhar com blog. Sonhei com outras coisas: em ter uma coluna semanal em algum diário local ou regional, mas nunca me empenhei nisto seriamente. O máximo que fiz foi escrever ocasionalmente artigos breves, de opinião, para o jornal O Povo, daqui de Fortaleza. Só ocasionalmente escrevi alguns mais longos, mais sociológicos, sobre os temas que estudo. Mas um dia vi a página do Rubem Alves na internet e fiquei pensando em fazer alguma coisa parecida. Queria então “um lugar meu” na internet para escrever crônicas ocasionais e para divulgar mais amplamente os artigos que geralmente publico em revistas especializadas. Queria, portanto, uma webpage e não um blog. A primeira tem uma dinâmica e uma simultaneidade que o segundo não tem. De experiência com blog tinha apenas a der ler o quixotesemrumo, do Lucas (http://quixotesemrumo.wordpress.com/). E outras passagens ocasionais e superficiais num blog ou noutro que me indicavam. Por outro lado, sempre me senti avessa à idéia de usar o blog como um diário de intimidades. Para mim, diário é diário e precisa ser “secreto” para se escrever como diário. Os blogs que revelam intimidades em geral reveladas apenas para os velhos diários são outra coisa, ou seja, são uma nova categoria de escrito. Seja lá o que for, não era isso que eu queria ou precisava. Terceiro: o que eu esperava de um blog? Eu imaginava um espaço de diálogo, mais dinâmico do que o jornal. Ou semelhante. Sempre recebi feedbacks dos artigos que publiquei em jornal. E também tinha a experiência de compartilhar minhas “etnografias de viagens” que provocavam respostas que muitas vezes rendiam muitos emails, muita conversa. Enfim criei o blog e avisei pros meus amigos, aqueles para quem em geral enviava minhas “etnografias de viagens” e pedi para eles comentarem os artigos que lessem. Ao invés de comentarem no blog, abaixo do artigo, comentaram via email. Pouquíssimos comentaram no blog e apenas um ou outro desconhecido encontrou o blog por acaso (?) e comentou. Tentei responder a alguns comentários mais instigantes, mais inspiradores e cliquei sobre o nome do comentador, mas aquele clique não me levava a lugar nenhum. Resolvi me consultar com o Lucas, único blogueiro das proximidades. E ele disse que era assim mesmo: não se responde aos comentários. Quer dizer, responde-se escrevendo mais, fazendo novas postagens. Fiquei meio perdida, meio sem saber o que fazer. Aí deu uma sensação enorme de solidão. Eu, num blog, falando pra ninguém? Email e orkut ou facebook são mais animados: eu escrevo, o outro responde, ou não responde. Mas sempre sei quem respondeu e quem não respondeu. Lá eu não sei quem viu, quem não viu... Aí? Fico eu escrevendo sem saber para quem? Como um soldado da rainha, devo ignorar quem me olha, quem me conta, quem me quer? Como se tudo isso fosse pouco, ainda esse nome horroroso: blogueira? Sei não...

4 comentários:

Marcionília Pimentel disse...

Rapaz, esse Sumehrianas está nos meus "favoritos" do computador. Venho todo dia ver se tem algo novo e leio achando tão bom quanto os e-mails de antes. "Blogueira" não é um nomezinho lá muito bonito mesmo, mas... para quê rótulos? Você é livre. Beijos sempre.

Leiliam disse...

Ei, vc não escreve pra ninguém não. Acho que tem um bocado de gente que está adorando ler o que vc oferece. Estou neste meio. Me dá sempre muito prazer esta leitura. O blog está excelente! Vc está ótima! Continua fazendo a gente feliz, mesmo com o dor que passa em alguns escritos. Beijos.

josé leite netto disse...

Berna,

eu sempre dou uma lida em seu blog. O ato de escrever é solitário. Ora. riisss

Emma disse...

Berna, conversei com uma amiga que também tem um blog, e ela disse que passou pela mesma crise. Especialmente quando tentou responder alguma mensagem e viu que não era possível... Pense no blog como um quadro de avisos, onde você vai pendurando seus escritos. Daqui a pouco vai ter gente se acotovelando para ler. Como eu cheguei antes, tenho prioridade! Beijos, e "persevere"!