segunda-feira, 18 de agosto de 2008

El precio de la ignorancia (Final)

Quando escolhi este título para o conjunto de crônicas que termina com esta, a ignorância que estava em foco era a minha própria. Eu pensava particularmente na minha ignorância sobre a dinâmica da vida em geral e não especificamente a vida ou a justiça americana. Pensava em, ao final, oferecer um conselho: quando precisar saber sobre alguma coisa, particularmente sobre leis e justiça em terras estrangeiras, não procure os amigos, procure os especialistas. Se algum amigo for especialista no assunto, tudo bem, converse com ele, mas não deixe de procurar outros. Fui instigada a escrever sobre o tema, pelo enorme alívio que eu, Raquel e Nick sentimos após as duas entrevistas com advogados em Los Angeles. O último com quem conversamos, George S Castro, é brasileiro. Embora seja o dono de um escritório de advocacia e formado em Direito no Brasil, não é advogado na Califórnia. Tanto ele, quanto o anterior, Hector Ortega, pareceram ter bastante intimidade com a lei da imigração, embora nenhum dos dois tenha lidado com um caso como o nosso. A firma de George cobra 2.000 dólares para resolver o problema. Os dois insistem que é preciso ter paciência: dificilmente tudo se resolverá apenas com a audiência do dia 22 de janeiro de 2009. Do ponto de vista do meu senso de justiça, tudo isto é um pesadelo desnecessário. Somente a humildade que as religiões pregam oferecem abrigo nessas circunstâncias.

Resolvemos parcialmente o problema: começamos a nos informar. Hoje sabemos bastante mais sobre leis e advogados nos Estados Unidos. Já nos tranquilizamos em relação a um fato: contrataremos um advogado. A questão agora é: qual? Nos demos de 20 a 30 dias para respondermos tal questão. Contratar um advogado não é mais fácil do que comprar um carro usado. Também não está completamente fora de cogitação mais entrevistas com outros advogados. Nesse caso, iriam somente Raquel e Nick.

Estarei de férias do caso pelos próximos 15 dias para me concentrar no início do semestre letivo e preparação da palestra para o encontro internacional de capoeira em Jericoacoara. Em seguida vou para Florianópolis, participar do “Fazendo Gênero”. Os dois encontros foram decididos com o coração. Para o de Jeri fui convidada por Armando, ex-aluno de fundamentos antropológicos da educação física. Ele é super-querido e meio que ajudou a salvar a disciplina no semestre passado... E para o de Florianópolis apresentei trabalho principalmente para ter a oportunidade de visitar o Lucas e a Marcionília.

Agora estou aqui, meio crucificada entre um encontro e outro e a passagem brevíssima por Fortaleza. Aulas para preparar e vontade de me envolver com elas, mas mal iniciarão e já terei que, outra vez, pegar a estrada. A palestra que darei em Jericoacoara também não está preparada ainda. Sei mais ou menos o que vou dizer, os vídeos que vou mostrar, mas estou ainda escolhendo as palavras...os vídeos... Mas começo a me tranquilizar com o limite de tudo: é o que pode ser. Digo isto, mas há partes de mim que não se convencem e o meu corpo reage: desde Riverside a minha pressão arterial, que antes estava absolutamente sob controle apenas com dieta, exercícios e bons pensamentos, voltou a subir.

Volto à conversa sobre a ignorância. Acho que é um pouco isso que nos damos conta na maturidade: seremos sempre ignorantes em relação a tantas coisas da vida... Mas também aprendemos que não há maior liberdade do que a de conhecer as alternativas e poder escolher.

Sérgio continua inconformado em relação à situação da Raquel e meio frustrado com os resultados que apresento depois de quase três semanas lidando com isto in loco. Também eu. Mas não dá para ser diferente: não dá para agir antes de compreender. Não faz sentido escolher nenhum advogado antes de estarmos minimamente convencidos. Poderíamos já escolher o Hector Ortega para defendê-la, mas a minha melhor sugestão é que pesquisemos um pouco mais. Ainda temos tempo: a audiência só será no dia 22 de janeiro de 2009. Contratar um advogado em meados de setembro é ainda bastante razoável. Tempo de sobra para ele entender o caso e defendê-la apropriadamente.

Já conhecemos a melhor advogada da Califórnia: nossa amiga Adriana S. Mas ela não tem diploma. Pensamos em contratar a sua assessoria para ajudar a Raquel a assinar o contrato com o melhor desses quatro ou cinco advogados com quem afinal terá conversado. Acho que esta é a melhor escolha. Por enquanto...

3 comentários:

Tania e Sheila disse...

Berna queridissima,
Sera que voce ja esta no BR? nossa essa viagem foi mesmo uma odisseia. Me lembrei da minha qdo resolvi tirar o green card e depois a cidadania. O green card tirei com um advogado pq nao entendia nada, foi muito no começo... o advogado morreu atropelado pela amante... pode? uma tragedia.Ainda bem que ja tinha saido meu green card.
A cidadania fiz tudo sozinha mesma, saiu em Set de 2001. Estava pessima. Maior mix feelings de virar americana naquelas circuntancias. Mas fui.
Agora para tirar os documentos de residente para o Mike no BR levou 2 anos. E a maior $ de advogados... a gente começou o processo em L.A. e fomos pelo menos 3 vezes no consulado e nem o papel certo eles davam... desistimos e pegamos um advogado. Um dia saiu, nem me lembro se foi ai ou aqui... Enfim, imigrante sempre tem historia pra contar, né?
No fim tudo se resolve.
Tania

Anônimo disse...

" Volto à conversa sobre a ignorância. Acho que é um pouco isso que nos damos conta na maturidade: seremos sempre ignorantes em relação a tantas coisas da vida... Mas também aprendemos que não há maior liberdade do que a de conhecer as alternativas e poder escolher."

Com certeza, Berna. Envelhecer sábia e alegremente é saber esta lição aí de cima. Voce acertou na mosca.Não se esqueça de telefonar para o meu filho em Floripa.Beijos e boa sorte nos dois encontros

Unknown disse...

voce tá um ouro! Entrando com força na net ! Mulher, voce vive viajando! Oi coisa boa! Quanto ao lançamento do livro porque voce não faz isso na semana de ensino, pesquisa e extensão que vai se realizar em novembro? Entra em contato com lemuel ou lena (diretores do CH) bjs nilda