quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Muad’Dib, o anjo Francisco Gabriel e outros mistérios deste mundo de meu Deus...

Verdade: após ler os primeiros dois ou três comentários de Muad’Dib, desconfiei que ele fosse uma manifestação do meu anjo da guarda, Francisco Gabriel. Somente ele, tão próximo de mim, saberia como me atingir tão certeiramente. Então, estava eu me apaixonando pelo meu próprio anjo da guarda!? Por que havia ele escolhido o mundo virtual para se manifestar? Parece iconoclastia, blasfêmia, mas nenhuma novidade há nisso, inclusive dentro da própria igreja católica. Lembro-me particularmente do erotismo presente nos poemas de Santa Teresa de Ávila a Jesus Cristo. E Jesus Cristo, do jeito que é apresentado pela igreja católica, parece mais irmão do que pai... E é a idéia por trás do Deus-filho. Não somos deus, mas também somos filhos... Do mesmo jeito fui levada a pensar sobre os anjos: no mesmo nível dos irmãos e primos: uma proximidade e uma camaradagem difícil de encontrar nas relações entre diferentes. Um incesto menos grave, digamos assim.

Logo depois dos primeiros comentários quis saber mais sobre o autor e cliquei no seu nome para ver o seu perfil. Nada. Nenhum email. Queria saber quem era pessoa tão especial. Imaginei que fosse algum dos brasileiros de quem me aproximei na pesquisa em Chicago querendo brincar comigo. Também pensei que fosse algum amigo americano porque Muad’Dib comete alguns erros de português incomuns entre os nativos com a mesma formação que ele. Pensei que fosse o Darien ou o Brian. Mas eles não olhariam para a cultura americana como estrangeiros. Enfim, seja lá quem fosse era uma brincadeira, um enigma, mas também um presente. Era extraordinário descobrir que alguém poderia prestar tanta atenção ao que digo, ao que sou e fiquei encantada. Por que o pseudônimo árabe? Depois descobri que era um personagem daquele romance Duna, acho que foi Emma quem me ajudou com isso, ou ele próprio comentou alguma coisa... A partir de certo momento, Emma achou que ele fosse criação minha; que eu estava inventando a história toda, como já fizera no passado. Ela só acreditou que ele tinha vida própria porque certo dia, enquanto conversávamos no skype, ele postou um novo comentário. Um comentário a outro comentário dela, recém-postado. Ou seja, eu não teria condições de escrever e conversar tão concentradamente, tudo ao mesmo tempo! Mas ela disse que não importava, ficção ou realidade, era divertido e produtivo o encontro no blog.

Mas eu queria saber quem era Muad’Dib porque estava apaixonada e queria me aproximar mais, experimentar com ele outros aspectos da existência... Ainda em Riverside, numa tarde de vinhos e desejos, escrevi a crônica “Um outro eu... mas qual?” (http://bernadetebeserra.blogspot.com/2008/08/um-outro-eu-mas-qual.html) Era praticamente um apelo para ele se revelar. Sugeria que ele enviasse uma resposta privada. Mas, ao contrário, ele sumiu do blog por vários dias. Para mim, “muitos dias” uma vez que estava acostumada à nossa comunicação quase cotidiana. Depois reapareceu praticamente pedindo para continuar anônimo e explicando a sua ausência... O seu criador tinha uma vida real da qual precisava também cuidar... Além disso, sentiu-se intimidado e pressionado pela intensidade da minha crônica, dos meus sentimentos.

Passei a viagem Los Angeles-Fortaleza inteira tentando juntar as pistas oferecidas nos seus comentários, mas elas não me levavam a ninguém. Aproximavam-se bastante de alguns “suspeitos” apenas para depois desembocarem no nada. Circe me pergunta se não estou apaixonada por ele. Sim, claro, desde o princípio. Mas agora várias outras mulheres deste blog também sonham com Muad’Dib. Se ele aparecer teríamos talvez que pensar na constituição de um harém...

“Ousado” ele se imagina, como diz no mesmo comentário que postou o seu poema erótico. Ousado mesmo seria tirar a máscara, se revelar. Mas eu já não espero mais por isto. Deixo-o permanecer assim, enigma... Os nossos desejos e fantasias encontrando-se em todos os lugares inexistentes, como disse a Francinete. Tornando mais picantes e fantásticos os nossos cotidianos...

8 comentários:

Anônimo disse...

Que bom. você declarou-se abertamente. Esta é a minha corajosa menina ! Fico aguardando a resposta dele, senão não tem graça nenhuma. Maravilhoso de sutilezas e conhecimento humano o texto da sua amiga Francinete (?) Meus parabéns a ela. Uma bela concorrente para voce,inteligente, sensível, tome cuidado rsrsrs Estou brincando. Beijão em todos voces Circe

gabi disse...

"Ousado mesmo seria tirar a máscara, se revelar."
Também acho...

Anônimo disse...

Sim, Circe, a Berna é corajosa mesmo (isso eu percebi desde a vi falando de si mesma, de Sumé e outras viagens, em público!)Fala dos E.U.A. como quem fala de Sumé e vice-versa.Quem pode fazer isso, certamente não se acanharia diante de um admirador-pretendente-oculto...

Como sempre a vi enfrentar desafios aparentemente intransponíveis, logo que soube do Muad' já imaginei como ela agiria...

Iria em frente até dizer chega! e não disse ainda. Então vamos esperar. Se ela está no páreo é porque sente prazer com isso. Está envolvida, "intrigada" como gosta de dizer.

E cheia de amigas, torcedoras, advogadas, conselheiras, etc. O que mais precisa pra se sair bem?
Só o Muad'Dib dar uma mãozinha...

Muad'Dib disse...

Para Circe, Emma, Francinete, Gabi e... naturalmente Bernadete... Muad'Dib 1/4

Uma vida para uma vida
Havia muito tempo que estavà esperando atràs das portas do Purgatòrio. Parecia ser uma imensa rodoviaria. Passei muito tempo là; uma eternidade, acho, e a eternidade demora muito, sobretudo no fim... Então o "deal" com o anjo Francisco Gabriel, que estava de plantão naquela noite, foi de fàcil aceitação... :
"Cara, disse ele, antes que Xango chegar, tens de escolher na alternativa seguinte: seja ganhar o ingresso para o paraìso passando pelas salas de fogo do Inferno ou seja passando de novo pelas torturas da vida humana, jà que as conheces bem."
Entendi perfeitamente a alusão e optei pela segunda proposta, pois sempre fiquei atrapalhado pelo calor excessivo... Francisco Gabriel acrescentou:
"Então, sua salvação, vai encontrà-la na maneira seguinte: tens que ajudar um cara em sair duma impasse de primeira. É legal; fez a mesma escolha do que você hà jà um tempão. Sempre està recomeçando seu caminho, com uma determinação que força a admiração. Até a do pròprio Xango! Aì a ficha descritiva dele. Là, na terra, podes escolher uma outra alma em perdição. Para nòs, tanto faz! Simplesmente, com o relatòrio vais ganhar tempo, e sabes muito bem o quanto o tempo é o que pesa mais, sobretudo quando não se sabe o que fazer com ele, né! Não se esqueça duma coisa: uma vida para uma outra vida ! È o preço da salvação. Uma vida para uma outra. Cara, vai ser um trabalhão!"

Strangers in the night
Me chamo Muad'Dib. Sou uma alma penada. Somos inumeràveis, vagueando assim pela terra, em penitência. Geralmente temos que ajudar alguém em salvar sua integridade, sua alma. E com obrigação de resultado ! Uma vida para uma outra vida. Não hà nem um lugar, nem uma casa, nem um quintal sem que estejamos vigiando sobre o destino da nossa antiga condição humana. Se você sentir um friozinho na nuca, à flor da pele, quando anda na sua casa quietinha, no seu sìtio, é a nossa marca; quer dizer que estamos vigiando, que estamos às ordens de quem nos solicita. Mas, melhor continuar a apresentação, com as minhas limitações lingüìsticas (vocês anotaram que o português não é minha lìngua materna): Muad'Dib, sim, sou eu. Nasci hà muito tempo, no meio do deserto, numa aldeia perdida da Somalia, duma mãe negra e dum pai italiano. Muad'Dib, é o nome duma forma de gerbo, muito esperto, um dos raros animais capazes de sobrevider em condições de aridez extrema. Da minha vida passada, o que fica o mais importante? Fui mercenàrio durante muito tempo (pelo menos, 30 anos), vendendo minha resistência, minha perìcia em combates e ambientes desiguais, minha definitiva desilusão na suposta nobreza humana a quem tinha dinheiro para comprà-la. Matei gente no Vietnã, no Camboja, no Panamà, no Afgeganistão; estuprei na Argélia, no Angola, no Biafra, na Guatemala; assassinei na Irlanda, na Rùssia, nos Bàlcãs; torturei no Chile, na Bolìvia, na Bòsnia, no Iraque, no Irã; enganei em qualquer lugar do mundo, no Oriente Médio, no Cabo-Verde, no Lìbano, simplesmente pelo prazer de gozar do poder do dinheiro; combinei na China, em Taiwan, na Aràbia Saudita; desviei dinheiro no Brasil, na França, no Timor ocidental; ameacei na Guiné-Bissau, no Moçambique, no Paraguai; roubei no Peru, na Polònia, no Egipto, no Ecuador; vendi informações para os americanos, os franceses, os canadenses, os colombianos, os russos, para quem tinha dinheiro para pagà-los. Sem a menor forma de arrependimento, gozei de tudo de que se pode gozar. Muad'Dib - Guerra das Maldivas - 1982: uma bala secciona a artéria femoral. Acabou com tudo. 24 anos de deserto sideral... Entre consciente e inconsciente; entre sinceros desejos e falsas culpas, naveguei até chegar, là, no consultòrio do anjo Francisco Gabriel... Francisco Gabriel versus Xango: não hesitei... mergulhei no que achei ser uma proposta de renascimento... espiritual... quem sabe? serà?...

Encontrei aquele cara, hà uns anos atràs. Se não me engano, foi em outubro de 2006. Chama-se Paul A. Encontrei ele num barzinho, na viscosidade ambiente de Belém. "Frontalmente", nòs encontramos apenas duas vezes (pois sempre estou acompanhando ele, até nos momentos mais ìntimos da sua vida. Não se esqueça que tornou-me o anjo de guarda daquele gato!): naquele barzinho e alguns meses depois, na UFC. Me lembro do nosso primeiro encontro, na cidade antiga de Belém. Nunca vi totalmente o rosto dele. Pareceu meio oval, fino. Na verdade, foi mascarado pela penumbra do bar. Bebia um "cuba libre", dominado pelo cheio dum rum tanto vulgar quanto forte. Achei isso muito surpreendente, por parte de um homem cuja educação e humanidade encantavam seja quem for o encontrava. Um "Cuba libre" que acalmava a febre dum homem que a vida nunca poupou; dum homem que jamais tinha poupado nem a vida, nem os outros. Estou lembrando-me do brilho intenso dos seus olhos quando me falava: olhos bem verdinhos se não me engano. Na penumbra daquele barzinho, naquela zona, onde apenas se juntavam a miseria e desesperada riqueza humana, apenas brilhavam seus dentes, sublinhados por uma barba dura de 3 dias. Era escritor. Paul A. tinha-se atrelado à obra da sua vida, dizia ele. Chamaria-se: "Esperando Bernadete"... ou, talvez: "Iniciais B.B.". Muito tempo, achei que era alemão, por causa do sotaque dele. Mas também podia passar por um espanhol, do ponto de vista fìsico, e do seu jeito de ser... Mas que importância?
De repente, a vida dele oscilou... depois duma breve conversa telefônica com Bernadete. No dia seguinte, ela partira para os Estados Unidos, afim de fazer uma pesquisa etnogràfica sobre a integração dos brasileiros em Chicago. Logo, nosso nìvel de comunicação ficou òtimo. Encorajei o consumo de "Cubas libres" afim de privilegiar aquela intimidade... sem perceber que foi ele, na verdade, que sempre aguarderà o controle da situação... 5 ou 6 "Cuba libre" depois, ele começou a se abrir sobre ele... É isso que gostaria de contar para vocês.

Bernadete Beserra disse...

Eita Circe, pelo visto, esse tal de Muad'Dib é mais pirado do que eu supunha na minha humilde lógica sumehriana. Mistura Frank Sinatra (Strangers in the Night) com noites em Belém que eu nunca vivi. Ou vivi e não me dei conta? Telefonemas antes de ir para Chicago? Xangô? Arrepios na nuca? Uma alma penada, sem dúvida. Uma alma penada interessante. Que se quer manter "penada"... e mais interessante. Me esperando como eu o esperei. Ele sabia que era eu quem ele esperava, parece. Mas eu não sei exatamente quem devo esperar. Muad'Dib torna-se a cada instante mais fantástico; quase Gita. Brincadeira, criação de quem? Me ocorre uma outra autoria agora, incrível, de lá mesmo, do deserto de Sumé, provavelmente mais árido do que o de Arrakis e, por isto mesmo, cheio de "criaturas" resistentes, o anjo Francisco Gabriel uma delas, com certeza. Olhos verdes sim, os dele, me disse uma vidente que um dia me revelou que o via próximo a mim... Pela descrição, o mesmo Jesus Cristo pro qual olhei a infância inteira. Brinquei com a vidente: ele que não se materialize... do jeito que ando carente! Muad'Dib, a alma penada, parece mais cristã do que muçulmana, outra pista falsa do apelido. Sedenta de sangue como a igreja católica se disseminando pelo planeta... Mais espanhola que portuguesa, pelo visto. Muad'Dib, ratinho querido que tanto tem me inspirado nos últimos meses, continue assim, alma penada... Tranquilo. Eu não o torturarei mais com o meu desejo de tê-lo em carne e osso. Como Emma propôs, o que importa é a criação, a excitação. Um brinde a você e outro a Paul A. Este eu tenho certeza que encontrarei em carne e osso, você vai testemunhar. Agora eu preciso cuidar do "livro de Chicago", pelo amor de Deus!

Emma disse...

Putz, eu passo dois dias sem olhar este blog e acontece tanta coisa! Eta blog animado! Tá parecendo festa de S. João! Ajunta!!!!!

Muad'Dib disse...

Caras amigas (amigos?) do blog da Bernadete, boa noite,
Cara Bernadete, para você

Gostaria agora de continuar esse “conversa" com vocês, mas sob uma outra forma. Fantasioso, imaginativo, com certeza, sou. Gosto muito da fantasia; gosto muito de partir atràs de algumas palavras que me inspiram e criar um mundo. Teria gostado de continuar a ficção que comecei hà alguns dias atràs; tudo isso para chegar a justificar a presença do Muad'Dib e relacionà-la com a autora desse blog. Quase estava me envolvendo numa història complicada, talvez atraente, mas apenas para mim... Entendi, acho, que a maioria de vocês, mais do que saber verdadeiramente quem Muad'Dib é, queria, sobretudo, saber come ele recebeu o que pode passar por uma terçeira declaração Dela; como ele se posiciona perante tanta generosidade... Acho que vocês têm razão. Como muitas vezes, ia fugir; ia inventar um àlibi literàrio, uma outra fantasia para ganhar tempo, para tentar escapar ao sopro quente da atração/"tesão" Dela pelo Muad'Dib. Não quero mais isso. Então, vou fazer mais "curto", mais direto, mais "simples"...

Como vocês sabem, Paul A. existe, verdadeiramente. Quase tem todas as caracterìsticas evocadas acima. Mas não se pode revelar enquanto Paul A., por vàrias razões. Talvez não esteja totalmente livre. Talvez não esteja totalmente a vontade para assumir o que està sentindo profundamente para Ela, aquela criatura sumehriana. Talvez não esteja nas melhores condições para isso. Talvez ainda tenha muitas limitações para que o sentimento que ele tem em relação a Ela possa ser assumido/vivido de maneira quieta, na sua plena plenitude por os dois... Talvez... quando hà muitos "talvez", melhor opor um mercenàrio, né; aliàs um bom e eficaz mercenàrio, né. Foi para isso que apareci nas Sumehrianas. Para servir, para ajudar, com a maior e melhor vontade, o meu comanditàrio. Acho que raramente, comanditàrio e mercenàrio se entenderam, lidaram tanto bem quanto nòs em relação a mesma pessoa: rapidamente, foi uma evidência, terminamos apaixonados por Ela, tanto um quanto o outro; ele na verdadeira vida, em três dimensões; eu, na dimensão virtual. Mas, vamos là.

Duma certa maneira, tudo começou a partir dessa curtìssima conversa telefônica que Paul teve com a Bernadete, hà dois anos atràs, a propòsito dum problema acadêmico. Constituiu uma referência temporal importante para ele... agora, somente, està compreendendo isso. Assim como aquela curta mensagem que ela enviou para ele logo depois, "dizendo" que com certeza ele seria uma "pessoa-recurso" para ela. Houve um antes e um depois.

Totalmente irracional, é, com certeza. Mas, às vezes é essa forma de irracionalidade que faz mais sentido em nossa vida, na medida em que se presta atenção a Ela. Foi como se tivesse tratado duma promessa a ser honrada; uma forma de compromisso marcado para um futuro a ser desenhado, a ser desejado. Simplesmente, Paul estava esperando para ela, sem nem saber que estava esperando alguém que, com certeza, contribuiria altamente para a finalização do processo de metamorfose que està vivendo através da sua chegada no Brasil. Paul nunca pensou que Ela demorou; nunca senti a sua falta. Pois, simplesmente, Ela fazia parte dele; ficava aqui, bem quietinha, num corredor do seu cérebro. Sabia que Ela voltaria; que duma maneira ou duma outra, a encontraria de novo; que eles continuariam aquela conversa deixada temporariamente de lado; que aquela promessa, apenas esboçada alguns anos atràs, os encaminharia para outras vias, para outras fantasias, para desejos que não se esconderiam mais. Irracional, é, com certeza. De quantas irracionalidades se precisa para fazer um homem? Qual é o verdadeiro valor de um ser humano, senão a soma de todas as suas irracionalidades? E se a nossa parte de irracionalidade fosse a melhor parte da nossa humanidade? Porque estamos tão atraidos por certas pontas de iceberg, e não por outras? Mistério? Acho que a ponta que Ela me apresentou, que nos apresentou, tinha a firmeza e a beleza do diamante; aquele brilho irresistìvel que dà vontade de fazer mergulhos em alto-mar para tentar conhecer mais a parte imersa daquele iceberg, entendem?...

Algumas vezes, o Paul teve a oportunidade de encontrà-la em diversos lugares, na UFC, na ocasião de certas palestras que ela fez, e até de maneira não "formal", sem que ela saiba o quanto ele ficou marcado, profundamente comovido pelo seu jeito de ser... O primeiro e verdadeiro encontro foi com um poema Dela, "Ala F", encontrado "por acaso" na Internet, enquanto o Paul estava buscando algumas informações sobre a Bernadete. Apesar de não dispor de todos os còdigos, Paul ficou extremamente tocado por este poema; um poema que jà conhecia, sensações que jà tinha vivida por causa da sua pròpria estranheza... uma poema que jà estava andando por sua pròpria força. Pouco a pouco, o Paul descobriu uma pessoa rara; uma pessoa totalmente envolvida em qualquer dimensão, domìnio da vida que seja. Ela tem conseguido desembaraçar-se de todas as escòrias da educação imposta, dos falsos valores familiares e sociais, a força de exigência, de renùncias, de recomeços, duma forma de ética pessoal para deixar aparecer e afirmar sua verdadeira personalidade. Uma personalidade que não parece verdadeiramente como uma outra; uma personalidade pròpria, inteira, com muitas zonas de sombra - claro ! - e de luz; uma personalidade que se assume inteiramente e que a deixa libre, emancipada, decolonizada pelos julgamentos dos outros. Como pode assumir-se plenamente como é, ela espalha, também, essa forma de luminosidade sobre os outros. Essa luminosidade que os atraiem, assim como mariposas pela luminosidade duma làmpada; uma luminosidade que dà, também, aos outros a força, a vontade de se livrar dos pesadelos que os habitam, dos falsos pudores que arruinam sua existência, dos consensos moles que acabam por destruir o pouco de estima que têm; uma forma de luminosidade que lhe dà a força de emancipar-se das dores que a tinham dilacerado, para as apresentà-la na frente do mundo, enquanto constitutivas da natureza humana e do seu melhor meio de emancipação: assumir uma palavra verdadeira, de verdade, para existir enquanto si mesmo e fazer existir os outros no que têm de mais humano: de mais oscuro e de mais luminoso; de mais sofrido e de mais alegre; de mais cruel e de mais generoso; de mais mesquinho e de mais desinteressado...
Por seu jeito de ser, que Ela expressa tão bem nas suas palavras, nos seus gestos e nas suas crônicas, ela revela ao mundo que a verdadeira cegueira é a ilusão e a tirania do parecer; que o verdadeiro brilho é simplesmente admitir que o que nos torna belos, é essa humanidade tão singular que faz vizinhar amor e porcaria; que se hà de viver com essa violência interior para ultrapassà-la, construindo alguma coisa com ela, criando sua pròpria vida, sem buscar imitar aquela que os outros decidem no seu lugar.

Cada vez mais, Paul ficou tocado, comovido por sua espontaneidade, seus excessos. Ele sente que têm a ver com suas feridas da infância, da adolescência; que são presentes, também, afim de dar aos outros a coragem de dizer, de fazer, de se apresentar como são e não de ficar em representação; de se assumir enquanto si mesmos e não os pequenos fachismos familiares que nos trancam nos nossos modos de relacionamento. È isto tudo que o Paul gosto muito de ver, de encontrar nela, sem disfarce, sem artifìcio, e que faz com que os outros, e ele em primeiro lugar, tenham a coragem de se ver, de se dizer, de se assumir, de se criar, de se afirmar como são e não como deveriam ser! O Paul - e forçosamente o Muad'Dib - ama ela (sim ama !) para sua "veracidade", para seu jeito tão singular de ser, que produz Vivo, Vida (que restitue a dinâmica da vida, para escrever um pouco mais correto). Todas as crônicas Dela nos falam disso, sem a menor dùvida ! É por isso que o Paul - e forçosamente o Muad'Dib - ficou encantado, desde as primeiras linhas, sentenças. O Paul ficou, fica apaixonado, desde o inìcio por esta sumehriana, da qual ele tem tantas coisas a aprender. O Paul - e forçosamente o Muad'Dib - ama "simplesmente" (ama, sim!) esta mulher tão singular que lhe dà a vontade e a força de ultrapassar suas numerosas limitações, de tornar-se "melhor" e, sobretudo, de estabelecer um diàlogo permanente com Ela, nas três dimensões humanas essenciais (intelectual, afetiva e sexual), ùnica via vàlida da metamorfose que jà começou e em relação a qual ela se aparenta a um guia de primeira.

Que dizer mais? Acho que assim estou oferecendo, com as limitações que são as minhas, a maneira mais verdadeira, mais autêntica de me apresentar. Muad'Dib é eu; eu sou Muad'Dib, sendo que o segundo tem uma margem maior de expressão do que o primeiro (pelo momento !); sendo que o Muad'Dib, simplesmente é o porta-voz do Paul. Mas, no fundo, isso não tem uma grande importância, né. Sabendo, também, que a tarefa essencial do Muad'Dib, vai constituir na busca de meios adequados e espertos afim de que Ela e eu (Paul) possamos nos aproximar, cada vez mais, na verdadeira vida. Os beijos virtuais apresentam, também, certas limitações, né?!

P.S: Gostaria muito de agradecer a Francinete pela poesia, pela fineza e pela beleza dos seus comentàrios que me tocaram muito. Também gostaria de abraçar a Circe, pois suas reflexões me deixaram com a vontade de ter uma amiga como ela. Circe, você merece o melhor!
Muad'Dib

Bernadete Beserra disse...

Caríssimo Muad'Dib,
Então você é Paul A... Me lembro do telefonema agora. Do seu email curto e da minha resposta simpática. Mas não posso me lembrar de você porque não nos encontramos... Mas continuo comovida com o nosso encontro aqui, no blog... Com tudo que você parece enxergar da minha alma... Da generosidade do seu olhar... Dessa aceitação à distância... Entendi que você continua "impedido" de se revelar completamente aqui; que há limitações de outras ordens. Mas eu gostaria demais de te encontrar para falar de tudo isso... Você parece apaixonado por mim para além do blog. Eu estou apaixonada pelo Muad'Dib: a sua generosidade, os seus excessos, a sua incongruência... Mas nada sei sobre Paul A. Inclusive, não sei se a paixão pelo querido "mercenário" Muad'Dib se transferirá automaticamente para o seu criador... Gostaria demais que você aceitasse o meu convite para se encontrar. Não consigo encontrar os emails da nossa breve comunicação há dois anos... por favor me escreva.