sábado, 6 de setembro de 2008

Reencontro

(Tantos encontros e reencontros que estas Sumehrianas estão rendendo... Amanhã falo mais sobre isto. Mas ofereço agora ao leitor este poema lindo que recebi de Lúcia Couto, uma mulher linda que tive o privilégio de encontrar no primeiro dia de aula do mestrado em sociologia rural, em Campina Grande, há quase mil anos... ou quando mesmo, meu Deus?)

Para Berna


Agora que as crianças dormiram
Aquele sono de infância que
nossas memórias guardam
podemos, desde nosso silêncio
ocidentalmente ocupadas
recuperar liames
enquanto pessoas amadas.
Amor jamais corrompido
Pelo tempo passado
Entre um encontro e outro...
Jamais consumido
No cotidiano desencontrado
De pessoas alheias
Ou definhantes sentimentos
Na hipocrisia pautados...

Não...não fomos nós!

Agora que as crianças dormiram
Permitindo aos adultos a deixa
De buscar seus próprios cerrados,
Vamos nós por em dia
Da nossa vida o regaço.
Vamos nós de alegrias
Preencher o terraço
Da casa que não conhecemos
Que não construímos
E que talvez... tanto quisemos.
Projeto presente em cada sono
Cada sonho comunitário
Que para além
De qualquer chavão revolucionário
Era parte de quem re-parte
Por um devir visionário.

Sim...fomos nós!

Agora que as crianças dormiram
Que se nos cheguem
Todos os tempos e palavras não ditas
Que se preencham todos os espaços
Dos quais a vida
Com seu bom(?) senso nos privou.
Que se nos cheguem
Todos os viajantes que nem cumprimentamos
E que menos ainda amamos.
Que se nos cheguem
os tempos de hoje... surrealista pintura
como os ventos que levam os invernos
como os amores que aliviam os infernos
como as dores que obrigam à cura!

Sim...somos nós!

Agora que as crianças dormiram
Que os homens se foram
Em sua busca insana
À procura do nada
É nossa vez de,
Assim como é sangrar
Uma vez por mês,
Permitir à palavra a fluidez
E ordenar a emoção do pensamento
De maneira que de agora em diante
E até o fim dos nossos tempos
Nenhuma lacuna
Ou estanque momento
Venha nos fazer lamentar
Quando uma ou outra
Parar de respirar
Em rendição à vitória do tempo.

Lúcia Couto

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