quinta-feira, 4 de setembro de 2008

“Solidão Equilibrista” no mundo, finalmente!


Comecei a sonhar e viver o mundo dos livros antes de desenvolver qualquer consciência sobre o mundo mais concreto ao meu redor. Lembro-me, a partir dos dez anos, a felicidade que sentia quando ia aos Correios receber os livros que havia pedido às Edições de Ouro. Meu coração batia forte enquanto eu subia a ladeira da Sizenando Rafael correndo para chegar em casa e abrir logo o pacote. Até hoje guardo comigo o cheiro daqueles livros recém-chegados da longa viagem do Rio de Janeiro a Sumé... Entrei nesse mundo pelas mãos e histórias de Kátia, minha irmã mais velha, outra devoradora de livros. Na loja de papai, onde trabalhávamos todos, eu a ouvia, nos dias mais vagos da semana, conversando com seu Inojosa ou Seu Miguel Guilherme sobre os livros que estava lendo. Sempre achava fascinante aqueles mundos dos quais falava e o que mais queria era poder habitá-los.

Não sei exatamente quando comecei a querer escrever livros... acho que foi desde que comecei a lê-los. Queria recontar as estórias lidas porque nunca me conformava com os seus finais... ou alguns dos seus desenvolvimentos. Por que elas tinham que ser contadas sempre do mesmo jeito?

Já a poesia, do jeito que compreendo hoje, me foi apresentada mais tarde, por Álvaro Luís Guedes Pinheiro quando nos encontramos no segundo ano científico, no Pio XI, em Campina Grande, 1977. Por isto e pelo amor que sentimos um pelo outro, dediquei Solidão Equilibrista a ele. É quase um filho nosso... Na verdade é um filho de muitos pais e mães... Mas a presença de Álvaro na minha vida foi crucial para que esse livro de poemas viesse um dia a existir. Meus filhos, Lucas, Raquel e Caio também. Por isso que dedico também a eles; "aos bem-te-vis do meu quintal... e a todos os seres e dúvidas que não me deixam dormir mais do que o necessário..."

Escrever poemas eu escrevo de vez em quando... Aqui e ali. Esporadicamente. Não sou uma poeta como é a Olga, o Zé Netto, ou era o Álvaro... É quase um milagre que tenha conseguido reunir o suficiente para um livro. Mas eu sempre quis contar e publicar estórias... Não que as escrevesse; de fato, escrevia apenas cartas e diários. As histórias eu apenas imaginava... Tinha medo da escrita, achava quase um sacrilégio escrever... Fui, através da antropologia, perdendo esse medo e, de vez em quando, escrevendo um conto ou rascunhando o início de um romance. Tenho arquivos e arquivos com contos e romances inacabados... Esperando às vezes, para serem concluídos, apenas algumas horas da minha dedicação...

Solidão Equilibrista é também filho de uma parte minha que não quer mais negociar com aquela que está sempre em fuga da literatura e se abriga, medrosa, nos relatos antropológicos e noutras formas de escrita que não têm tanto compromisso com a revelação da alma. Decidi publicá-lo desde que o meu livro, Brasileiros nos Estados Unidos, saiu, New York. O meu lado mais literário sentia-se meio traído... Como assim, primeiro a antropóloga e depois a escritora?

Juntei uns 30 ou 40 poemas e pedi ao Seu Carvalho para dar uma olhada e ver se se inspirava por aqueles versos o bastante para escrever um prefácio. Depois de poucos dias, recebi seu telefonema dizendo que já escrevera o prefácio; que gostara muito dos versos que eu lhe apresentara.

Poucos vezes na minha vida senti-me tão feliz quanto naquela tarde em que li, pela primeira vez, os seus comentários sobre o meu livro. Li e reli o seu “prefácio” centenas de vezes... Era uma carícia na minha alma... e que eu não queria que terminasse nunca... Isto foi há quase quatro anos, em fins de outubro de 2004. Depois que meu livro, Brazilian Immigrants in the United States: Cultural Imperialism and Social Class, saiu eu não tive mais sossego: fiquei viajando muito para dar palestras nos Estados Unidos e não tinha tempo de me dedicar a publicar o livro de poemas... Mas fui fazendo uma coisa e outra e outra parte importante do livro que foi feita já nesse período foi a capa: Kinha e Ado, amigos de Campina Grande, produziram uma capa que é a minha cara... É a cara do conteúdo do livro... Com todo o respeito pelas capas lindas que há por aí, a de Solidão Equilibrista é a mais linda do mundo...

Desde o ano passado, quando voltei de Chicago, iniciei o trabalho de produção do livro, dessa vez era sério, eu queria ver o livro publicado, mas não tinha pressa, queria que fosse bem produzido, afinal já esperara tanto tempo! Meu querido amigo, e ex-aluno, Gilberto Machado, me apresentou a dois artistas, seus ex-alunos do CEFET: Lyse Horn e Leo Brum. Eles ilustraram o livro. Então, é um livro superlindo, que até as crianças gostarão de pegar, de olhar, porque tem figuras! Aproveito para agradecer aqui aos dois pela disposição de se debruçarem sobre os meus poemas e se deixarem inspirar por eles para me ajudarem a produzir um livro mais bonito, mais delicado...

Mas foi o trabalho paciente de Yone Almeida que deu ao livro uma diagramação quase perfeita... Ela “vestiu” os poemas... brincando com elementos da capa nas páginas internas onde há espaço para tais brincadeiras... Uma graça... Thanks Yone, pela sua paciência e pelo seu entusiasmo. Completam o livro o posfácio de Ireleno Benevides, poeta e colega de UFC, e a orelha de Nilze Costa e Silva, conhecida poeta e fundadora e colega nos Poemas Violados. Não posso deixar de agradecer também à gentileza e paciência do editor, Cláudio Guimarães, e de todo o pessoal da imprensa universitária da UFC, sempre tão pacientes com as minhas demandas: Charles, Heron, Luiz Carlos, Leonora...

Então é isto: estou muito, muito feliz de dar a luz a esse livrinho tão querido e tão esperado... Vou já-já providenciar o seu lançamento em Fortaleza e nas cidades onde tenho amigos poetas... E aí convido todo mundo!

19 comentários:

Anônimo disse...

Querida Berna!!! Parabéns pelo livro, espero que seja um sucesso de vendas e crítica. :)

Unknown disse...

e viva os livros de poesia! parabéns! beijos, gabriel

Anônimo disse...

Berna: E nós, aqui tão distantes, quando teremos o prazer de ser apresentados a seu maravilhoso livrinho? Fiquei toda entusiasmada com seu entusiasmo.
É isso mesmo. Filho a gente ama incondicionalmente.
Como devo fazer para recebê-lo ? Se não for abuso, quero dois . Um é para a cunhada também poeta.
Parabéns ! Beijão

circe

Anônimo disse...

Parabéns Bernadete, sua volta a Fortaleza já trouxe esta ótima novidade. Já tive o prazer de ver a matriz do livro e está com a sua cara mesmo. Lança logo para podermos ler...

Joamir

Unknown disse...

que massa, berna! de verdade!
anos esperando por uma coisa e finalmente, quando achamos que não, voilá, surge!
vejo que aos poucos as coisas estão se colocando no lugar de novo, como esparava, né?
tava meio perturbada..dá pra ver que tá mais calminha.. =]

tô esperando o convite então! de publicação.

beijos!

Muad'Dib disse...

OBA !!!!!
OAB'DIB
BOA
BAO
AOB'DIB
ABO
Parabens !!!!!

Anônimo disse...

Querida Berna,

Parabéns pelo seu novo livro! Fico muito feliz por você. Estou ansiosa para conhecê-lo e, confesso, que estou curiosíssima, para saber mais sobre o Muad'dib. Por que é tão misterioso? Fico torcendo para que ele nos dê algumas pistas de quem ele é, e de como fazer para chegar até ele. Espero que, pelo menos para vc, ele já tenha se revelado. Beijos!

Anônimo disse...

Mae, Parabens pelo o livro!!
manda um pra mim. :) please!
e qual foi a capa que tu escolheu?

beijos!

Kel

Anônimo disse...

Para bens minha querida Berna...

"é (de fato) engraçado ver e (acompanhar) a força que as coisas parecem ter quando eles precisam acontecer"...

A gente precisa de poesia em todas as línguas. Adoro o título. Penso muito em Pessoa, nosso génio, o seja “nosso” no sentido de todos nós que entendem que somos “nada” e “tudo” ao mesmo tempo, “viralatas” de emoções e sentimentos aparentemente contraditórios. O título é meio “pessoa—iano”. Ao ouvir a palavra “solidão” as vezes a gente pergunta “que é preciso fazer para combatê-la?”

Ao mesmo tempo sabemos que a solidão é importante.

Ora vem o equilíbrio...

Um título é como uma porta dum quarto. Se eu encontrar qualquer porta como a sua na minha frente, preciso abri-la para ver as loucuras e maravilhas que está escondido dentro.

Beijos , Dari

Anônimo disse...

Então mais uma luz no mundo da literatura( o verdadeiro mundo?). Um livro de poemas já certo de que vai conquistar os corações brasileiros e não brasileiros. Sim, porque, passando pelo crivo da própria autora deve estar mesmo muito bom. Sem falar que foi gestado a muitas mãos( e todas de artistas natos, como pude perceber ns agradecimentos).
Nossa parte agora é lê-lo. sim, porque esssa parte é indispensávelpara fechar a "gestalt", para completar a forma inteira e circular do ato complexo escrever-ler-escrever. Isso que estamos fazendo agora nesse blog : um espaço aberto ao mundo virtual e interior de cada um de nós aqui motivados por algo. E o que bnos motiva a vir aqui? um sentimento de pertencimento a essa teia de vínculos? um desejo de "ser" para alguém? ou de deixar nossa marca no mundo, virtual e real, interno e externo, tudo ao mesmo tempo.
Berna é a força que liga tudo isso agora. Esse é o "poder do agora" que se constrói do nada e elabora a vida. Sim, a vida dos poemas que se assumem como um filho a mais, filho simbólico de tudo que foi se tecendo nas entrelinhas do ser de Berna ( pra não dizer nas entranhas, de onde ele realmente vem, como os ooutros filhos também e todso nós que aqui estamos). Sim, viemos dela, da Berna, essa alma tão profunda que nos cabe a todos, como nesse blog que é infinito, aliás como tudo o mais nela: sem limites...
Fran

Unknown disse...

Cara Bernadete,

Fui apresentada hoje ao seu blog pela minha irmã. Sendo também de Sumé sempre fui considerada pelos amigos uma sumeriana. Senti-me em casa!
Abraço

Claudia Barros

gabi disse...

"Com todo o respeito pelas capas lindas que há por aí, a de Solidão Equilibrista é a mais linda do mundo..."
E é mesmo, viu... Achei lindo quando me mostrou rapidamente naquele dia... Um bj!

Marcionília Pimentel disse...

Eu vi e é uma beleza mesmo. Só falta agora ler... E logo! Beijos e beijos.

Anônimo disse...

thanks bernadete!!!!!!!!!! pela fala carinhosa.
existem coisas que nos acontecem que não conseguimos explicar. a empatia que rolou entre eu, vc e solidão equilibrista foi uma dessas. tudo fluiu, os tempos existiam, as idéias satisfaziam e o resultado aconteceu rápido, sem entraves e lindo.
eu não poderia estar mais feliz.
berna, eu é quem agradeço, a oportunidade de ter participado desse trabalhado e, principalmente, de ter te conhecido

gracias
yone

MARIA DOS ANJOS LEMOS DUARTE disse...

Acho impressionante a sua facilidade de dissertação! é incrível e sua agilidade pra cativar o leitor! impressiona mais ainda a mim, por considerá-la a até pouco tempo uma pessoa cética, realista... alguns poetas tbm são realistas, mas se bem que, de vez em qdo deixam transparecer seu lado poético! abraço de poesia!

Anônimo disse...

Ainda não dei meus parabéns pelo filhote tão lindinho e cheio de você!
Sim, nem li tudo mas o pouco que vi achei mesmo a sua cara: mistérios, desejos e ousadia que nasce do medo de ter medo.
Depois de colocar no mundo a poesia não mais deixará de ser poeta. Tem agora um compromisso que o outro lado que já não é o próprio espelho e sim o interlocutor, seja ele um velho conhecido ou alguém que ainda vem a conhecer como acontece às vezes...

Anônimo disse...

Bernie, que inveja de Fortaleza. Ja to vendo voce em Boston, lancando seu livro. Olha ai, menina, tem casa, comida e roupa lavada, que tal em plena primavera?

me deixa saber sobre o lancamento, ja to dom agua na boca para ler o livro todo.
beijos
heloisa

Anônimo disse...

Parabéns pelo lancamento de seu livro , estarei lá um gde abraço

... disse...

Oi, Berna!

Parabéns pelo lançamento do livro. Espero que cheguem a Belém.

Abraços,

Mari Chiba